Nos últimos meses, a Advocacia‑Geral da União (AGU) obteve uma conquista fundamental no Supremo Tribunal Federal (STF), ao demonstrar que a Política Nacional de Biocombustíveis é plenamente compatível com a Constituição. Essa decisão, de enorme relevância para o setor energético, reforça a estabilidade jurídica do programa RenovaBio, consolidando-o como uma política de Estado. Com isso, o Brasil avança em sua estratégia de descarbonização e reforça sua posição internacional no debate sobre energias sustentáveis.
A atuação da AGU no STF foi decisiva para derrubar ações que questionavam a legalidade da Lei 13.576/2017, responsável pela criação do RenovaBio. O Supremo, por unanimidade, rejeitou duas Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs), confirmando que não existem vícios constitucionais nas normas que estruturam esse programa. Essa decisão judicial devolve previsibilidade regulatória ao setor de biocombustíveis, algo essencial para atrair e manter investimentos de longo prazo.
Além de garantir a estabilidade normativa, a AGU reforçou no STF o papel da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) na fiscalização e aplicação das metas de descarbonização estabelecidas. Em manifestação, a AGU defendeu que essas metas são fruto de amplo debate legislativo e que a agência reguladora tem competência técnica para monitorar seu cumprimento. Esse entendimento reforça a centralidade da ANP no modelo do RenovaBio, garantindo que a descarbonização seja efetiva no mercado de combustíveis.
A confirmação da constitucionalidade pelo STF tem efeitos práticos imediatos para o mercado. Representantes do agronegócio e da indústria de biocombustíveis interpretam a decisão como decisiva para destravar novos investimentos. Com o respaldo da Corte, empresas e produtores ganham mais segurança para desenvolver projetos que exigem alto capital e planejamento de longo prazo, como usinas de biocombustíveis e infraestrutura de produção sustentável.
Além disso, o julgamento contribui para o compromisso ambiental do Brasil. O RenovaBio continua sendo um mecanismo estratégico para reduzir emissões de gases de efeito estufa, já que vincula produção de biocombustíveis à negociação de Créditos de Descarbonização (CBIOs). A manutenção desse programa é vista como uma forma concreta de alinhar o desenvolvimento econômico às metas climáticas e compromissos internacionais, como os do Acordo de Paris.
Outro ponto relevante é que a decisão do STF reforça a previsibilidade regulatória do setor energético nacional. Ao afirmar que o programa é constitucional, o tribunal transmite confiança aos investidores, o que pode estimular a modernização da matriz de transportes, aumentando a participação dos biocombustíveis de forma sustentável. Isso é particularmente importante em um cenário global onde a transição para fontes renováveis tem papel cada vez mais estratégico.
A importância dessa vitória da AGU não se restringe ao plano ambiental. Também há um impacto econômico: mais segurança jurídica significa menor risco para quem investe em produção de biocombustíveis, fomentando a inovação e a competitividade no setor. Setores como o sucroenergético, por exemplo, podem ver esse respaldo como um estímulo para ampliar a produção limpa e sustentável, gerando emprego e renda no campo.
Adicionalmente, o julgamento fortalece a ideia de que o RenovaBio é uma política de Estado, não apenas uma iniciativa de governo. A decisão unânime do STF indica que essa política tem estabilidade institucional mesmo diante de mudanças políticas. Esse reconhecimento dá robustez ao programa e pode torná-lo uma referência internacional para outros países que buscam modelos de incentivo a biocombustíveis.
Por fim, a atuação da AGU reforça o papel do Estado como garantidor de políticas públicas consistentes e duradouras. Ao defender a constitucionalidade da Política Nacional de Biocombustíveis, a AGU não apenas protege o RenovaBio, mas também assegura que os compromissos de descarbonização e transição energética continuem sendo objetivos estruturados e confiáveis para todo o país. Essa vitória no STF simboliza uma vitória para o futuro energético do Brasil.
Autor: Callister Jozeiros
