Para o sacerdote católico, teólogo e filósofo Pe. Dr. José Eduardo de Oliveira e Silva, é justamente nos momentos de dor que o coração humano mais se abre à experiência profunda de Deus. Ainda que o sofrimento nos envolva em escuridão e silêncio, ele pode tornar-se o lugar do encontro mais íntimo com o Senhor. Deus não abandona o que sofre — Ele se faz presente, caminha conosco e, muitas vezes, nos carrega nos braços sem que percebamos.
Encontrar Deus na dor exige um olhar de fé, uma escuta do coração e uma entrega confiante, mesmo quando as emoções parecem contradizer essa certeza.
Deus não é indiferente ao sofrimento humano
Uma das tentações mais comuns diante do sofrimento é pensar que Deus se ausentou ou deixou de se importar. Entretanto, conforme ensina o padre José Eduardo de Oliveira e Silva, essa ideia contraria o núcleo da fé cristã: Deus não é indiferente à dor humana, mas a assumiu plenamente em Jesus Cristo. Na cruz, o próprio Deus experimentou o abandono, a agonia e a morte. Ele conhece nossas lágrimas, não de fora, mas desde dentro.
Essa certeza muda tudo: não somos deixados sozinhos em nossos sofrimentos. Deus está ali, silencioso talvez, mas presente. E é nesse silêncio que Ele fala mais profundamente ao coração.
A dor como ocasião de encontro e não de afastamento
Diante de uma dor intensa — uma perda, uma doença, uma injustiça — é natural o impulso de se fechar, de se isolar ou até de se revoltar. Mas segundo Pe. Dr. José Eduardo de Oliveira e Silva, o sofrimento pode ser, paradoxalmente, um portal de abertura a Deus. É quando faltam os apoios humanos que percebemos nossa total dependência do amor divino.
Muitos santos e fiéis ao longo da história testemunharam que os momentos de maior dor foram também os de maior proximidade de Deus. É como se, ao descer às profundezas da dor, o coração encontrasse a profundidade da presença divina que normalmente passa despercebida.

Oração na dor: um grito sincero que Deus acolhe
Nos momentos difíceis, muitas vezes as palavras nos faltam. Não conseguimos rezar como antes. Mas essa pobreza não nos afasta de Deus — pelo contrário, torna a oração mais verdadeira. Assim como destaca o padre José Eduardo de Oliveira e Silva, gritar, chorar, silenciar, apenas estar diante de Deus com o coração ferido já é uma forma legítima de oração.
A oração de quem sofre é, frequentemente, mais eficaz do que longos discursos. Deus escuta o coração que se entrega, mesmo sem entender. Ele recolhe cada lágrima como semente de consolo e salvação.
A cruz como escola de encontro com Deus
O cristão não contempla a dor como fim em si, mas como passagem. A cruz de Cristo mostra que o sofrimento pode ser redentor quando vivido com fé. De acordo com Pe. Dr. José Eduardo de Oliveira e Silva, unir a própria dor à cruz de Jesus transforma o sofrimento em oferta de amor.
A Eucaristia, a Confissão, a leitura da Palavra e a presença de irmãos na fé são âncoras que sustentam a alma durante a tempestade. Não para eliminar o sofrimento, mas para dar-lhe um sentido: o de amar mesmo na dor.
O consolo de Deus pode vir de forma inesperada
Muitas vezes, Deus nos visita de forma discreta: no olhar de alguém que nos escuta, em uma palavra que nos toca, em um gesto simples de carinho. Encontrar Deus na dor não é necessariamente experimentar algo extraordinário, mas reconhecer, na fragilidade, a ação silenciosa da graça.
Deus se manifesta especialmente aos que sofrem, ainda que não o percebam de imediato. A dor purifica os sentidos espirituais e nos torna mais sensíveis à presença divina.
A dor não tem a última palavra
O sofrimento não deve ser romantizado, mas tampouco deve ser visto como derrota. Com Cristo, a dor ganha novo sentido. Como indica o padre José Eduardo de Oliveira e Silva, Deus pode transformar as feridas em fontes de vida, consolo e salvação.
Encontrar Deus na dor é possível e necessário. Basta abrir o coração, confiar no silêncio, perseverar na oração e permanecer na fé. A dor passa. Deus permanece. E a alma que atravessa o sofrimento com Ele sai mais forte, mais serena e mais próxima da eternidade.
Autor: Callister Jozeiros