O aumento do número de deputados tem sido pauta constante no Congresso Nacional, especialmente após a decisão do Supremo Tribunal Federal que determinou uma atualização na distribuição das cadeiras parlamentares com base no Censo de 2022. Atualmente, a Câmara dos Deputados conta com 513 parlamentares, mas o projeto em análise pode elevar esse número para 527. A proposta visa corrigir distorções históricas na representação dos estados, provocadas por mudanças demográficas nas últimas décadas. Com essa possível alteração, a configuração política do país passaria por uma reestruturação significativa, impactando diretamente as eleições de 2026.
O projeto que prevê o aumento do número de deputados surgiu após o STF julgar procedente a ação movida pelo Pará, que questionava sua sub-representação na Câmara. A Corte estabeleceu o prazo até 30 de junho de 2025 para que o Congresso se manifeste. Caso contrário, o Tribunal Superior Eleitoral poderá fazer os ajustes por conta própria. O aumento do número de deputados é, portanto, uma resposta a uma exigência judicial que visa garantir maior justiça representativa com base nos dados mais recentes da população brasileira.
A proposta de aumento do número de deputados tem provocado intensos debates dentro e fora do Parlamento. Defensores argumentam que a medida é essencial para assegurar que estados com crescimento populacional expressivo, como Pará, Santa Catarina e Amazonas, tenham voz proporcional em decisões nacionais. Por outro lado, críticos do aumento do número de deputados apontam os impactos financeiros e estruturais que essa mudança poderá trazer para os cofres públicos. A discussão envolve interesses regionais, econômicos e partidários, tornando o tema ainda mais sensível politicamente.
O presidente da Câmara, Arthur Lira, articula estratégias para viabilizar o aumento do número de deputados sem desagradar as bancadas dos estados que perderiam cadeiras. Uma alternativa em debate é aumentar o total de vagas sem retirar assentos dos estados com perda populacional relativa, o que evitaria conflitos federativos. Contudo, essa solução traria como consequência um acréscimo nos gastos com salários, verbas de gabinete e outras despesas parlamentares. Estima-se que, com o aumento do número de deputados, os custos anuais do Legislativo poderiam subir em centenas de milhões de reais.
O aumento do número de deputados também levanta dúvidas sobre a eficiência do Legislativo brasileiro. Críticos questionam se a simples ampliação da quantidade de parlamentares resultaria em uma maior qualidade legislativa ou em melhorias nos serviços prestados à população. Há quem defenda que o foco deveria ser melhorar os mecanismos de transparência, produtividade e accountability do Congresso antes de ampliar o número de assentos. Mesmo assim, os defensores do projeto argumentam que o Brasil precisa acompanhar sua evolução demográfica para garantir a democracia representativa.
Além das questões institucionais e orçamentárias, o aumento do número de deputados pode impactar diretamente os partidos políticos. Com mais cadeiras em disputa, haverá maior chance de representação para legendas menores e regionais, o que pode alterar a correlação de forças no Congresso Nacional. Isso também poderá mudar o cálculo político para a formação de coligações e frentes parlamentares, afetando o equilíbrio de poder entre situação e oposição. O aumento do número de deputados, portanto, vai além de uma mera recontagem populacional e se insere no tabuleiro da política nacional.
A sociedade civil acompanha com atenção o desdobramento do aumento do número de deputados. Entidades de fiscalização pública e institutos de pesquisa apontam que, apesar da legitimidade do argumento de proporcionalidade, o país vive um momento em que se esperam medidas de austeridade e racionalização de gastos. Dessa forma, a ampliação do número de cadeiras pode ser mal recebida pela população caso não venha acompanhada de contrapartidas claras em termos de eficiência e responsabilidade fiscal. O debate deve crescer conforme a data limite estabelecida pelo STF se aproxima.
Com a proximidade do prazo final determinado pela Corte, a Câmara terá que tomar uma decisão que equilibre justiça representativa e responsabilidade administrativa. O aumento do número de deputados pode marcar uma nova fase da política brasileira, alinhada com as transformações populacionais e regionais. Porém, o sucesso da medida dependerá da habilidade do Congresso em comunicar seus benefícios à população e em implementar mecanismos que garantam que mais parlamentares signifiquem, de fato, mais qualidade legislativa. Até lá, o tema continuará a gerar intensos debates nos corredores de Brasília.
Autor: Callister Jozeiros