Investigação aponta que ex-presidente do Solidariedade mandou um advogado procurar a antiga companheira para sugerir a “transação”
A Polícia Federal (PF) aponta que recursos públicos dos fundos partidário e eleitoral foram utilizados como moeda de troca para que a ex-mulher do ex-presidente do Solidariedade Eurípedes Júnior desistisse de uma ação judicial no processo de divórcio.
De acordo com a investigação, Eurípedes mandou seu advogado, Jarmisson Lima, procurar a ex-companheira para tentar dissuadi-la de prosseguir com o litígio de dissolução de bens. O encontro teria ocorrido em agosto de 2022.
Na ocasião, Lima teria “sugerido a malversação” da verba pública e disponibilizado os serviços do seu escritório para ajudá-la a “maquiar” os recursos na sua prestação de contas (ela havia sido candidata a deputada federal pelo Pros).
A suspeita é de que o advogado seria um dos integrantes do núcleo jurídico da organização criminosa encabeçada por Eurípedes e focada no desvio dos valores que, por lei, são destinados ao financiamento da campanha.
Lima chegou a ser preso na Operação Fundo do Poço, mas foi solto pelo Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF), que aplicou medidas alternativas, como recolhimento noturno e tornozeleira eletrônica.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) saiu em defesa de Lima. No Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pediu o fim das medidas, alegando que elas são um obstáculo ao livre exercício da advocacia, além de configurar constrangimento ilegal.
O ministro Raul Araújo, entretanto, negou o pedido. Disse que a PF “angariou elementos de prova distintos” e que as medidas são expressamente previstas no Código de Processo Penal “para evitar a prática de infrações penais, adequando-se à gravidade do crime”.
Lima alega que as suspeitas têm origem apenas no depoimento da antiga esposa de Eurípedes, e que isso “deve ser valorado com cautela, em razão do litígio que existe entre o ex-casal”.
Eurípedes, que segue preso, virou réu perante a Justiça Eleitoral do DF. Ele foi acusado pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) de liderar uma organização criminosa responsável pelo desvio de aproximadamente R$ 36 milhões de verbas eleitorais. Ele nega irregularidades.